Transtornos mentais e comportamentais podem se tornar principais causas de afastamento do trabalho

Mais de 178 mil auxílios-doença, acidentários e previdenciários, foram concedidos em decorrência destes tipos de transtornos, em 2017

A ansiedade e o estresse têm se tornado cada vez mais frequentes. Isso porque o atual estilo de vida, acelerado e cheio de cobranças, exige muito. Dar conta de inúmeras tarefas, se sair bem nos diversos campos da vida, tudo isso acaba interferindo na saúde mental e, consequentemente, no trabalho. Em 2017, segundo a Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, foram concedidos 178.268 auxílios-doença, acidentários e previdenciários, em decorrência de transtornos mentais e comportamentais.

A especialista em saúde mental Virgínia Rozendo de Brito, explica que a falta de um ambiente de trabalho adequado pode trazer tanto problemas físicos como o adoecimento mental. Passar horas na frente do computador, sem se movimentar, sem contato com outras pessoas ou até mesmo o medo de perder o emprego, podem trazer muitos prejuízos.

“Quando uma pessoa tem um adoecimento mental, no emprego, a produtividade, as relações sociais, ficam muito prejudicadas. Então, uma pessoa que produzia bastante antes, agora já não vai produzir tanto no trabalho, tem faltas, atestados e principalmente tem muito sofrimento, porque a pessoa que está adoecida sofre bastante. Alguém que sofre não consegue trabalhar bem”, destaca.

De acordo com a especialista, manter um ambiente de trabalho que preze por relações saudáveis, realizar atividades como ginástica laboral e momentos de lazer dentro do trabalho auxiliam tanto na prevenção de transtornos mentais e comportamentais, como na recuperação dos trabalhadores com estes problemas. “É preciso que o empregador entenda quais são as principais queixas, os principais sofrimentos de um trabalhador e veja o que pode ser feito para que se diminuam os prejuízos”, afirma Virgínia.

O Serviço Social da Indústria (SESI) considera que transtornos mentais e comportamentais serão a principal causa de afastamento do trabalho nos próximos anos, com destaque para depressão; dependência ao álcool e outras drogas, e estresse. Por isso, o Centro de Inovação SESI em Fatores Psicossociais, localizado no Rio Grande do Sul, desenvolve, por meio de pesquisas,serviços e produtos que auxiliam na prevenção e gerenciamento destes transtornos.

Segundo a gerente da instituição, Letícia Lessa, transtornos mentais e comportamentais já estão no topo das doenças que mais afastam do trabalho e precisam tanto de prevenção quanto do gerenciamento dos riscos. “Hoje, nós temos várias soluções desenvolvidas em parceria com a indústria para identificar, inicialmente, quais são esses fatores de risco apresentados na sua realidade, nesse contexto do trabalho e a partir da identificação desses riscos, como fazer um melhor gerenciamento deles”, afirma.

Uma delas é o aplicativo GeSTRESS, voltado para o autoconhecimento e autogerenciamento do estresse. A ferramenta reúne teste de personalidade, sessões diárias de autoconhecimento com vídeos, áudios, textos, além de um diário emocional, onde podem ser registradas todas as emoções do dia a dia. O aplicativo está disponível na plataforma do SESI.

Por: Aline Dias

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